fim de jogo

uma fuga em direção ao nada
prostrado diante do não ser
entrega a pulsões de eros e tânatos
por medo, apatia e submissão.

procura sedenta de esconderijos
mas deuses queimam, em todos nós
o eu roga enfim coragem, desembainha
sua espada e levanta-a alto imponente.

não teme as guerras, não temerá a morte
aceita a natureza como é, e
afronta seu olhar doce e dissimulado
retira seus joelhos atrofiados do chão
por honra, por honra a sua identidade.

um último poema bravejado ao abismo
o desenlace de uma nova obra
não relaciona-se com o tempo
nem com conquistas e méritos,
como pensava.

mares revoltos não podem ser domados
nem sóis congelados pelo vento de zéfiro
mas há braços e pernas para serem usados
e ódio frio bombeando esse sangue quente.

erigir é uma questão de escolha.
de pé avista-se uma bela batalha
uma pela qual vale a pena lutar.
avante!