I. de onde nasce a inspiração? de onde ela vem? pois é tão calada, pacífica, pueril sinto-a em certos momentos em outros, distraio-me. II. nessa semana de férias vi a juventude sorrir esperança e senti desespero por ser tão belo o seu sorriso, pela sua pouca idade por tudo o que pode vir a ser, e por escárnio do destino, não o será. III. na quarta (24) levei l. e j. para fazenda nova gokula paguei-lhes uma coxinha de jaca com suco de uva natural a família de k. muito fizera por mim. IV. na quinta (25) visitei o farol santander, o museu de língua portuguesa e a pinacoteca de são paulo com minha mãe e tudo que quis era voltar embora. pois a morte havia pedido um trago de meu cigarro ― não quero dar, disse e saí mas a moça velha seguiu-me com sua pele seca, com seus olhos opacos, seus cabelos sujos, ― tome, pode ficar com ele, deixe-me em paz entreguei a ela meu cigarro não saberia discernir se era nova ou velha, estava morta. V. hoje (27) tomei um banho gelado para limpar minhas desgraças impregnadas acendi um cigarro, e sorri, vendo o céu azul cobrir-me com toda sua exuberante e despretensiosa mentira.