vomitando sangue, expelindo sangue, queimando sangue por palavras. estou duro este mês. queria comer t., mas ela não topou. vejo as fotos de a. no celular. ela até deu uns moles, mas sairá caro convidá-la para algo essa noite, e ainda é segunda. tem m., b., a., e outras dos apps. será que elas assustariam-se com esses meus poemas íntimos e sinceros? é bem provável que a incompreensão seja meu carma, e minha benção. kerouac cozinhou o fígado com sua meditação. tolstói, no final das contas, era só mais um velho louco. sócrates topou tirar um derradeiro cochilo. foi van gogh quem deu uma de suas orelhas para uma puta? todos, todos curtem carnavais. abro o notebook. em noticiários, falam algo sobre: manifestações, revolução, avenida paulista, caminhoneiros, 7 de setembro, pró-bolsonaro, oposição, tumulto, e coisas do gênero. se não fosse trabalhar amanhã, adoraria estar no meio disso tudo. gritando, protestando, fumando, rogando. só não me pergunte o porquê. fecho todas as abas. coloco cenas de dominatrixes lésbicas transando com consolos e brinquedos eróticos. e masturbo-me. oh, graças a deus… graças a deus eu fiquei aqui essa noite. limpo-me, visto uma camiseta; está frio. como dois pastéis de queijo com tomate, e jogo vídeo-game com meu tio e irmão. trago alguns cigarros, e agora, pronto para dormir, leio poemas de bukowski. termino, enfim, de vomitar essas palavras, defecar e urinar e relampejar e gozar essas palavras. eu sei. eu sei… não sou um deles. não quero ser um deles. não quero ser nada. o que sou? um grande pedante escritor. o que mais poderia querer essa noite?