bailando

quando nos damos conta…

de que nenhum amor
será tão doce e ingênuo
quanto o primeiro.

de que nossa vida
vale tanto quanto
do andarilho que mendiga cigarros.

de que noites de sexo cessam,
e o que resta pela manhã
é um café requentado.

de que patriarcas que sustentam famílias
na verdade,
são sustentados por ela.

de que bebidas, cigarros e drogas
não nos manterão protegidos
por muito tempo.

de que cultos, religiões e fé
só podem tapar a angústia existencial
por pouco tempo.

de que poetas, filósofos e coachs
carregam tantas dúvidas
quanto ébrios de botecos de esquina.

de que mestrado e doutorado
podem trazer um trocado a mais,
nada além disso.

de que imersões culturais podem ser ricas,
e são, mas nada difere de como mudar a cena
do local de seu game.

de que quem nasce em berço dourado poderá sair na frente
na largada, mas o que exclusivamente importa
é a nossa corrida, e o resto é distração.

de que gurus e eremitas alimentam suas verdades
do silêncio, por não conseguirem
suportar a realidade social.

de que ninguém virá remover nossos pêsames
e os frutos que colhemos
dependem de como os cultivamos.

de que a arte, a música, o esporte e esse suor
não deixam de ser uma válvula de escape
dessa manifestação consciente.

de que papai noel, fada do dente e peter pan
são tão reais
quanto nossas crenças.

de que crianças sabem muito mais
que nós, adultos enrijecidos
por meias verdades.

de que montanhas, estrelas e oceanos
são divinos, mas experimente
dividir a vida com uma.

de que aprendemos muito mais com fracassos
que sucessos e triunfos,
e é nossa escolha superá-los e seguir em frente.

de que autoconhecimento
é a única chance de salvar-nos
da mesmice.

de que os céus abençoa-nos de oportunidades
todos os dias
quando amanhece.

de que o corpo ganha rugas e acumula gorduras
mas nossa alma continua jovem
clamando por mais, muito mais.

então…
estamos livres.
livre para ser quem quisermos ser
livre para ser criança de novo
livre para dançar enrique iglesias
livre para dançar nosso jogo.